Sunday, June 21, 2009

A cidade das luzes

Meus caros leitores, amigos e colegas,

nestas minhas andanças pelas vastas terras deste mundo, posso sem qualquer risco afirmar que jamais em minha vida vislumbrei cidade tão bela, tão sublime e magnífica como a cidade de Paris. Tentarei aqui a impossível tarefa de relatar-lhes, com palavras e algumas fotos, a majestosa beleza da cidade das luzes, cidade esta a que me refiro simplesmente como "A Cidade Absurda"
No dia 11 de Junho deste ano de 2009, aproveitando mais um dos feriados católicos (nunca fui tão grato por estes em minha vida), parti da cidade de Köln rumo a Paris. Já de início sabia que esta seria uma viagem diferente pois, uma vez que meu colega havia cancelado sua presença, estaria viajando só.
Às cerca de 4 horas da tarde, cheguei em Paris, adentrando a cidade pela "Porte de la Chapelle" uma das mais conhecidas entradas da cidade. De lá utilizei pela primeira vez o impressionante metrô da cidade de Paris, com dezenas de linhas e centenas de estações que cobrem praticamente toda a extensão da cidade (fazendo do mêtro paulistano um mero trenzinho de parque de diversões). Após uma breve jornada de cerca de 15 minutos, desembarquei na estação Chateau Rouge de onde caminhei até a casa de Luis, colombiano de nascença e parisiense de coração, cujo sofá eu viria a habitar pelos dias vindouros (através do esquema do Couchsurfing). Meu anfitrião se mostrou uma pessoa amável e prestativa e, sendo ele versado no idioma português, fomos conversando por agradáveis horas fazendo um tour pela região que abrigava não apenas a igreja mais antiga de Paris (localizada no Montmarte) como também o famoso Moulin Rouge e diversas cenas do filme "O fabuloso destino de Améli Poulain". Após o nosso breve tour, fomos a um bar nas redondezas onde Luis me apresentou à alguns amigos também membros do couchsurfing. Após algumas cervejas, conheci uma inovação que viria a tornar minhas andanças pela cidade das luzes muito mais ativas e prazeirosas, as bicicletas municipais. Com apenas um euro, pode-se alugar uma bicicleta por um dia, tomando-se apenas o cuidado de não passar mais de 30 minutos com a mesma bicicleta (o que não é muito difícil considerando-se a grande quantidade de postos para retirada das mesmas). Durante toda esta viagem, a bicicleta foi meu mais importante meio de transporte, tendo me levado do Louvre ao Arco do Triunfo, passando pela Torre Eiffel e otras cositas más... mas tudo a seu tempo.
No dia seguinte, ao acordar, dirigi-me imediatamente para a fonte de St. Michel, de onde partia o Free Tour da cidade de Paris (mais sobre o Free Tour nos posts anteriores). Com o Free Tour, caminhei por cerca de 4 horas pela cidade, descobrindo muito sobre sua história e passando por alguns pontos importantes, embora a maior parte dos cartões postais tenha ficado fora do roteiro. Findo o tour, resolvi escalar a mais famosa torre do mundo. Após caminhar por cerca de 15 minutos, acompanhado por duas novas amigas feitas no tour, cheguei à Torre Eiffel e, mesmo estando já um tanto quanto cansado do dia de caminhado, pus-me a escalar os 704 degraus até o segundo andar da torre, de onde tomei o elevador até o topo para vislumbrar uma magnífica vista da cidade de Paris (infelizmente as baterias de minha máquina me abandonaram no segundo andar da torre).
Após conhecer a torre Eiffel, peguei uma bicicleta, pedalando então rumo a um dos mais belos e deslumbrantes centros de cultura do mundo, o museu do Louvre. Sendo esta cidade, como já o disse, uma cidade absurda, o museu não poderia deixar de ser um museu absurdo! Além de gigantesco (o museu abriga ao todo cerca de 30.000 obras), o Louvre é em si mesmo uma estupenda obra de arte, com uma arquitetura majestosa e o fabuloso Jardim das Tulherias à sua frente. Passei cerca de 3 horas dentro do museu, vislumbrando artefatos históricos como o Código de Hamurabi (olho por olho, dente por dente) além de algumas das obras de arte mais belas e famosas do mundo. Durante meu passeio pelo museu, um fato curioso, encontrei minha vizinha de Bonn, russa de 23 anos que também estava visitando Paris. Após o museu fomos juntos a um bar onde passamos o restante da noite, saboreando vinhos franceses. Ao fim da noite tomei novamente a bicicleta rumo ao meu sofá que esperava confortavelmente por mim no Chateau Rouge.
No dia seguinte tomei logo cedo a bicicleta para visitar mais algumas belas vistas da cidade de paris. A primeira parada foi o cemitério de Pere Lachaise, atual morada de Jim Morrison. Após alguns minutos caminhando pelo cemitério encontrei a referida tumba, cercada por turistas que, como eu, queriam contemplar o destino final deste fabuloso astro do Rock n' Roll. Meu segundo destino foi a praça da Bastilha onde esperava encontrar um local de grande beleza e antigas ruínas... Fiquei um tanto desapontado ao descobrir que o local, que um dia já foi palco de importantes eventos históricos, abriga hoje apenas uma ópera, prédio importante e imponente porém, em minha opinião, sem grande beleza arquitetônica.
Após fazer um lanche nos degraus da ópera Bastilha, tomei novamente a bicicleta, desta vez rumo à catedral de Notre Dame, conhecida pelos parisienses como "Notre Dame de Paris" (ou nossa mulher de Paris) e palco do famoso livro de Victor Hugo de mesmo nome ("O corcunda de Notre Dame" em portugues). O prédio é, tanto por dentro como em seu exterior, uma obra de arte de imensa beleza, de modo que passei quase duas horas caminhando ao redor da catedral e dentro dela. Após o passeio, tomei novamente a bicileta, rumo aos Jardins de Luxemburgo, mas resolvi adicionar mais uma parada ao roteiro, uma vez que a antiga casa de Victor Hugo se encontrava nos arredores. A julgar pelo tamanho e riqueza de seu apartamento, este famoso escritor foi devidamente reconhecido por seu talento. O apartamento possui uma gigantesca sala de estar, além de escritório, sala de jantar, belos comodos e tudo isso numa das mais ricas regiões da cidade.
Ao chegar nos Jardins de Luxemburgo fui novamente surpreendido pela majestosa beleza de mais um dos cartões postais de Paris. O parque é de tão estupenda imensidão que os cerca de 60 minutos em que nele passei bastaram apenas para conhecer uma pequena parcela do local. Após um breve descanso em meio às arvores, fontes e flores do jardim, parti de volta ao Chateau Rouge para tomar um banho e me preparar para minha primeira noitada na cidade das luzes!
Às cerca de 9 da noite cheguei (desta vez de metrô) novamente na fonte de St. Michel, de onde partiria o "Pub Crawl", uma espécie de tour por alguns bares da cidade realizado pelos mesmos organizadores do Free Tour. Visitamos 4 bares no centro da cidade e depois nos dirigimos para uma casa noturna. A experiência foi interessante e muito divertida, uma vez que conheci um grupo de brasileiros, algumas americanas e 2 francesas que também participavam do Crawl. Deixei a casa noturna às cerca de 4 da manha e, novamente de bicicleta, me dirige para meu sofá no Chateau Rouge para uma deliciosa noite de sono.
No dia seguinte, já domingo, arrumei minhas coisas, despedi-me de meu anfitrião, tomei meu café e dirigi-me para a Porte de la Chapelle de onde deveria sair minha carona de volta a Bonn. Qual não foi minha surpresa quando, ao encontrar o perueiro, ouvir deste a seguinte frase "Du bist nicht in meiner Liste und ich habe jetzt kein frei Platz" (você não está na minha lista e eu não tenho mais lugar no carro). Sem carona e sem celular (perdi o mesmo dois dias antes, durante o passeio pelo Louvre), minha unica esperança era encontrar um trem que me levasse de volta à Alemanha já que no dia seguinte eu deveria trabalhar. No entanto esta esperança morreu quando a atendente, com um belo sorriso me informou ter encontrado apenas um lugar, num trem noturno para Frankfurt pela bagatela de € 140. Estando este valor um tanto acima de meu orçamento e poder de compra (€ 50 no momento), retornei ao Chateau Rouge na esperança de encontrar meu amigo Luis ainda em seu apartamento e poder assim ficar em sua casa por mais uma noite e encontrar transporte no dia seguinte. Após perambular por algumas horas e fazer um saboroso e nutritivo lanche no KFC, encontrei Luis nas redondesas de seu apartamento de forma que lá fiquei por mais uma noite e reservei uma passagem de ônibus de volta para Bonn por € 30.
Devo confessar que a experiência me deixou um tanto quanto estressado, e teria me deixado ainda mais, não fosse o fato de eu estar sim, preso, mas preso na fabulosa cidade de Paris. E como sempre digo e acredito, que tudo acontece por alguma razão, alguma horas mais tarde haveria eu de agradecer pelo problema com minha carona. Aconteceu pois que, ao ser forçado a ficar mais uma noite em Paris, tive a oportunidade de comprovar o porque do apelido Cidade das Luzes... Por volta das 10 da noite do domingo, parti de bicicleta, primeiro para o arco do triunfo e depois para a Torre Eiffel. A beleza de ambos os lugares à noite é tão sublime e encantadora que permaneci sentado por horas, apenas contemplando-os e retornei para meu sofá apenas cerca das duas da madrugada.

No dia seguinte levantei-me bem cedo e tomei meu ônibus para Bonn. A viagem foi cansativa, cerca de 8 horas num ônibus um tanto quanto desconfortável... Mesmo tendo deixado a mais bela cidade que já conheci, devo confessar que fiquei um tanto quanto aliviado ao chegar novamente em solo alemão, sobretudo pelo fato de poder novamente compreender as placas e as pessoas, desta vez falando um idioma estranhamente familiar!

E esta foi minha passagem pela bela Paris, além de ter tido o prazer de visitar esta fabulosa cidade, a experiência de viajar sozinho foi muito interessante e sinto-me agora mais preparado e tranquilo com a idéia de conhecer outras cidades européias por conta própria. No momento estou planejando meus próximos passos pelo velho mundo... Escreverei-lhes em breve, com notícias e mais fotos do continente europeu!