Sunday, June 21, 2009

A cidade das luzes

Meus caros leitores, amigos e colegas,

nestas minhas andanças pelas vastas terras deste mundo, posso sem qualquer risco afirmar que jamais em minha vida vislumbrei cidade tão bela, tão sublime e magnífica como a cidade de Paris. Tentarei aqui a impossível tarefa de relatar-lhes, com palavras e algumas fotos, a majestosa beleza da cidade das luzes, cidade esta a que me refiro simplesmente como "A Cidade Absurda"
No dia 11 de Junho deste ano de 2009, aproveitando mais um dos feriados católicos (nunca fui tão grato por estes em minha vida), parti da cidade de Köln rumo a Paris. Já de início sabia que esta seria uma viagem diferente pois, uma vez que meu colega havia cancelado sua presença, estaria viajando só.
Às cerca de 4 horas da tarde, cheguei em Paris, adentrando a cidade pela "Porte de la Chapelle" uma das mais conhecidas entradas da cidade. De lá utilizei pela primeira vez o impressionante metrô da cidade de Paris, com dezenas de linhas e centenas de estações que cobrem praticamente toda a extensão da cidade (fazendo do mêtro paulistano um mero trenzinho de parque de diversões). Após uma breve jornada de cerca de 15 minutos, desembarquei na estação Chateau Rouge de onde caminhei até a casa de Luis, colombiano de nascença e parisiense de coração, cujo sofá eu viria a habitar pelos dias vindouros (através do esquema do Couchsurfing). Meu anfitrião se mostrou uma pessoa amável e prestativa e, sendo ele versado no idioma português, fomos conversando por agradáveis horas fazendo um tour pela região que abrigava não apenas a igreja mais antiga de Paris (localizada no Montmarte) como também o famoso Moulin Rouge e diversas cenas do filme "O fabuloso destino de Améli Poulain". Após o nosso breve tour, fomos a um bar nas redondezas onde Luis me apresentou à alguns amigos também membros do couchsurfing. Após algumas cervejas, conheci uma inovação que viria a tornar minhas andanças pela cidade das luzes muito mais ativas e prazeirosas, as bicicletas municipais. Com apenas um euro, pode-se alugar uma bicicleta por um dia, tomando-se apenas o cuidado de não passar mais de 30 minutos com a mesma bicicleta (o que não é muito difícil considerando-se a grande quantidade de postos para retirada das mesmas). Durante toda esta viagem, a bicicleta foi meu mais importante meio de transporte, tendo me levado do Louvre ao Arco do Triunfo, passando pela Torre Eiffel e otras cositas más... mas tudo a seu tempo.
No dia seguinte, ao acordar, dirigi-me imediatamente para a fonte de St. Michel, de onde partia o Free Tour da cidade de Paris (mais sobre o Free Tour nos posts anteriores). Com o Free Tour, caminhei por cerca de 4 horas pela cidade, descobrindo muito sobre sua história e passando por alguns pontos importantes, embora a maior parte dos cartões postais tenha ficado fora do roteiro. Findo o tour, resolvi escalar a mais famosa torre do mundo. Após caminhar por cerca de 15 minutos, acompanhado por duas novas amigas feitas no tour, cheguei à Torre Eiffel e, mesmo estando já um tanto quanto cansado do dia de caminhado, pus-me a escalar os 704 degraus até o segundo andar da torre, de onde tomei o elevador até o topo para vislumbrar uma magnífica vista da cidade de Paris (infelizmente as baterias de minha máquina me abandonaram no segundo andar da torre).
Após conhecer a torre Eiffel, peguei uma bicicleta, pedalando então rumo a um dos mais belos e deslumbrantes centros de cultura do mundo, o museu do Louvre. Sendo esta cidade, como já o disse, uma cidade absurda, o museu não poderia deixar de ser um museu absurdo! Além de gigantesco (o museu abriga ao todo cerca de 30.000 obras), o Louvre é em si mesmo uma estupenda obra de arte, com uma arquitetura majestosa e o fabuloso Jardim das Tulherias à sua frente. Passei cerca de 3 horas dentro do museu, vislumbrando artefatos históricos como o Código de Hamurabi (olho por olho, dente por dente) além de algumas das obras de arte mais belas e famosas do mundo. Durante meu passeio pelo museu, um fato curioso, encontrei minha vizinha de Bonn, russa de 23 anos que também estava visitando Paris. Após o museu fomos juntos a um bar onde passamos o restante da noite, saboreando vinhos franceses. Ao fim da noite tomei novamente a bicicleta rumo ao meu sofá que esperava confortavelmente por mim no Chateau Rouge.
No dia seguinte tomei logo cedo a bicicleta para visitar mais algumas belas vistas da cidade de paris. A primeira parada foi o cemitério de Pere Lachaise, atual morada de Jim Morrison. Após alguns minutos caminhando pelo cemitério encontrei a referida tumba, cercada por turistas que, como eu, queriam contemplar o destino final deste fabuloso astro do Rock n' Roll. Meu segundo destino foi a praça da Bastilha onde esperava encontrar um local de grande beleza e antigas ruínas... Fiquei um tanto desapontado ao descobrir que o local, que um dia já foi palco de importantes eventos históricos, abriga hoje apenas uma ópera, prédio importante e imponente porém, em minha opinião, sem grande beleza arquitetônica.
Após fazer um lanche nos degraus da ópera Bastilha, tomei novamente a bicicleta, desta vez rumo à catedral de Notre Dame, conhecida pelos parisienses como "Notre Dame de Paris" (ou nossa mulher de Paris) e palco do famoso livro de Victor Hugo de mesmo nome ("O corcunda de Notre Dame" em portugues). O prédio é, tanto por dentro como em seu exterior, uma obra de arte de imensa beleza, de modo que passei quase duas horas caminhando ao redor da catedral e dentro dela. Após o passeio, tomei novamente a bicileta, rumo aos Jardins de Luxemburgo, mas resolvi adicionar mais uma parada ao roteiro, uma vez que a antiga casa de Victor Hugo se encontrava nos arredores. A julgar pelo tamanho e riqueza de seu apartamento, este famoso escritor foi devidamente reconhecido por seu talento. O apartamento possui uma gigantesca sala de estar, além de escritório, sala de jantar, belos comodos e tudo isso numa das mais ricas regiões da cidade.
Ao chegar nos Jardins de Luxemburgo fui novamente surpreendido pela majestosa beleza de mais um dos cartões postais de Paris. O parque é de tão estupenda imensidão que os cerca de 60 minutos em que nele passei bastaram apenas para conhecer uma pequena parcela do local. Após um breve descanso em meio às arvores, fontes e flores do jardim, parti de volta ao Chateau Rouge para tomar um banho e me preparar para minha primeira noitada na cidade das luzes!
Às cerca de 9 da noite cheguei (desta vez de metrô) novamente na fonte de St. Michel, de onde partiria o "Pub Crawl", uma espécie de tour por alguns bares da cidade realizado pelos mesmos organizadores do Free Tour. Visitamos 4 bares no centro da cidade e depois nos dirigimos para uma casa noturna. A experiência foi interessante e muito divertida, uma vez que conheci um grupo de brasileiros, algumas americanas e 2 francesas que também participavam do Crawl. Deixei a casa noturna às cerca de 4 da manha e, novamente de bicicleta, me dirige para meu sofá no Chateau Rouge para uma deliciosa noite de sono.
No dia seguinte, já domingo, arrumei minhas coisas, despedi-me de meu anfitrião, tomei meu café e dirigi-me para a Porte de la Chapelle de onde deveria sair minha carona de volta a Bonn. Qual não foi minha surpresa quando, ao encontrar o perueiro, ouvir deste a seguinte frase "Du bist nicht in meiner Liste und ich habe jetzt kein frei Platz" (você não está na minha lista e eu não tenho mais lugar no carro). Sem carona e sem celular (perdi o mesmo dois dias antes, durante o passeio pelo Louvre), minha unica esperança era encontrar um trem que me levasse de volta à Alemanha já que no dia seguinte eu deveria trabalhar. No entanto esta esperança morreu quando a atendente, com um belo sorriso me informou ter encontrado apenas um lugar, num trem noturno para Frankfurt pela bagatela de € 140. Estando este valor um tanto acima de meu orçamento e poder de compra (€ 50 no momento), retornei ao Chateau Rouge na esperança de encontrar meu amigo Luis ainda em seu apartamento e poder assim ficar em sua casa por mais uma noite e encontrar transporte no dia seguinte. Após perambular por algumas horas e fazer um saboroso e nutritivo lanche no KFC, encontrei Luis nas redondesas de seu apartamento de forma que lá fiquei por mais uma noite e reservei uma passagem de ônibus de volta para Bonn por € 30.
Devo confessar que a experiência me deixou um tanto quanto estressado, e teria me deixado ainda mais, não fosse o fato de eu estar sim, preso, mas preso na fabulosa cidade de Paris. E como sempre digo e acredito, que tudo acontece por alguma razão, alguma horas mais tarde haveria eu de agradecer pelo problema com minha carona. Aconteceu pois que, ao ser forçado a ficar mais uma noite em Paris, tive a oportunidade de comprovar o porque do apelido Cidade das Luzes... Por volta das 10 da noite do domingo, parti de bicicleta, primeiro para o arco do triunfo e depois para a Torre Eiffel. A beleza de ambos os lugares à noite é tão sublime e encantadora que permaneci sentado por horas, apenas contemplando-os e retornei para meu sofá apenas cerca das duas da madrugada.

No dia seguinte levantei-me bem cedo e tomei meu ônibus para Bonn. A viagem foi cansativa, cerca de 8 horas num ônibus um tanto quanto desconfortável... Mesmo tendo deixado a mais bela cidade que já conheci, devo confessar que fiquei um tanto quanto aliviado ao chegar novamente em solo alemão, sobretudo pelo fato de poder novamente compreender as placas e as pessoas, desta vez falando um idioma estranhamente familiar!

E esta foi minha passagem pela bela Paris, além de ter tido o prazer de visitar esta fabulosa cidade, a experiência de viajar sozinho foi muito interessante e sinto-me agora mais preparado e tranquilo com a idéia de conhecer outras cidades européias por conta própria. No momento estou planejando meus próximos passos pelo velho mundo... Escreverei-lhes em breve, com notícias e mais fotos do continente europeu!

Wednesday, May 27, 2009

A vida a 180... Munich e Praga

Saudações meus caros leitores e colegas!

É com muito prazer que venho a relatar-lhes mais um capítulo de minha passagem pelo continente europeu. Peço que não reparem na minguante eloquência de meus relatos... creio que o extenso tempo fora da pátria (9 meses a contar de minha partida para o Canada) já começou a afetar minha fluência na lingua portuguesa.

Os meses de Maio e Junho me agraciaram com diversos feriados e, uma vez que me encontro a cerca de 7000km da pátria, nada mais justo e natural do que utilizar estes breves momentos de sossego para viajar e conhecer as fabulosas terras do Velho Mundo.
Seguindo este princípio, resolvemos partir eu, dois colegas brasileiros e um keniano de viagem pelas terras européias. Eis que no dia 20 de Maio, alugamos um carro e partimos de Bonn as cerca de 7 da noite. O destino? A cidade de Praga, capital da Republica Checa, mas não sem antes passar uns dias na fantástica cidade de Munich, capital mundial da cerveja e berço do partido nazista.

Foi nesta viagem que tive o prazer de dirigir pela primeira vez nas famosas "Autobahn". Devo confessar-lhes que a fama das estradas é um tanto quanto exagerada, uma vez que sua qualidade não supera a das estradas paulistas como a Anhanguera e fica até mesmo atrás da majestosa Bandeirantes. Independentemente disto, a ausência de limites de velocidade fazem da experiência um tanto quanto memorável, uma vez que a média dos carros beira os 180km/h, fato que estranhamente não acarreta em acidentes (nos quase 2000km que percorri, não vi sequer um).
Chegamos a Munich às cerca de 2 da manha da quinta-feira. Auxiliados por "Maria" (como carinhosamente apelidamos nosso GPS), estacionamos nosso Audi num dos pontos centrais da cidade e fomos imediatamente para a "KultFabrik". Não encontro expressão melhor para definir o lugar do que um "Parque de Diversões Adulto". Com um ingresso de € 10, ganha-se entrada para uma praça com dezenas de bares e casas noturnas, 90% das quais inclusas no pacote. Infelizmente não pudemos curtir a totalidade desta inovacão em diversão noturna pois, já sendo cerca de 2:30 da manha, optamos por entrar não adquirir o "ingresso do parque" e ficamos em um dos bares que oferecia entrada grátis para aquela noite. A casa noturna (chamada Americanos) também estava muito animada de forma que nos divertimos consideravelmente até as 6 da manha.
Após um cochilo de 2 horas em nosso amado automóvel, pusemo-nos de pé e dirigimo-nos para a Marienplatz, a praça central de Munich. De lá partiria as 10 da manha uma iniciativa muito interessante e extremamente inovadora, o Free Tour. É isso mesmo, liderados por 3 jovens ingleses, andamos pelos principais pontos turísticos da cidade por cerca de 4 horas.

Munich é mundialmente famosa por duas coisas: Hilter e Cerveja. Foi nesta cidade que nasceu o partido nazista alemão e também onde a este partido Hitler se filiou e construiu sua tenebrosa carreira. A cidade está cercada de pontos que lembram a história do terceiro Reich como a rua onde Hitler tentou pela primeira vez uma revolução contra o governo alemão (tentativa que lhe rendeu alguns meses de prisão e o livro "Mein Kampf"), ou o escritório onde exclamou seu ódio ao povo judeu, incitando seus companheiros a quebrar os estabelecimentos judaicos, fato que resultou na noite conhecida como "Kristallnacht" (hoje o escritório abriga um museu de brinquedos).
Embora a fama de Hitler e do governo Nazista prevaleça, a cidade é muito antiga e abriga eventos históricos que remontam ao século XI, quando apenas monges habitavam a região, e nela produziam as mais apreciadas cervejas (o nome da cidade, München, deriva da palavra alemã Mönch, literalmente monge).
Após cerca de 4 horas caminhando pela cidade e conhecendo seus muitos pontos turísticos, estávamos todos hávidos por apreciar aquela que talvez seja a mais famosa cerveja do globo. Assim sendo, fomos para um Biergarten (um ambiente ao ar livre destinado ao consumo de cerveja), um dos maiores da cidades. O local, localizado dentro de um grande parque municipal, estava abarrotado com literalmente milhares de pessoas, tomando cerveja em grandes canecas ao estilo "Oktober Fest". Sentamo-nos em uma das mesas (ao lado de duas belas alemãs que se mostraram ser também muito simpáticas) e ingerimos cerca de 4 "copos" de cerveja cada (cada um contendo um litro de cerveja). Após tal empreitada, nos dirigimos novamente (desta vez um tanto quanto mais leves e desontraídos) para o centro da cidade, afim de comprar alguns souvenirs e, posteriormente, nos prepararmos para mais uma noitada em Munich!
Nossa segunda noite em Munich foi muito parecida com a primeira, de modo que não gasterei muitas palavras em relatá-la. Na manha seguinte, após algumas horas dormindo no carro, demos a partida e partimos em direção à Praga! Mais uma etapa da viagem que começava...
Após cerca de 6 horas de viagem, chegamos à Praga às cerca de 8 da noite da sexta-feira. Tendo passado as duas ultimas noites no carro e precisando um tanto quanto desesperadamente de um banho, resolvemos procurar por um Albergue para relaxar um pouco antes de começar a curtir esta intensa cidade. A missão se mostrou muito mais difícil do que haviamos imaginado... Devido ao feriado, a cidade estava abarrotada de turistas que haviam lotado todos os albergues. Após muito rodar (um tanto quanto às cegas uma vez que Maria possuia um conhecimento tão profundo das terras checas), acabamos por encontrar uma pensão onde ainda haviam vagas. As duas da manha, estavamos alojados em nossa nova morada e, estando um tanto quanto exaustos da viagem, optamos por deixar a noitada em Praga para o sábado.
No dia seguinte pusémos de pé as cerca de 9 da manha e, após um nutritivo café da manha, dirigimo-nos para a área central de Praga, visando mais uma vez participar do "Free Tour". O tour começou as 10:30 da manha, andamos por toda a área central da cidade ouvindo toda sorte de relatos e histórias sobe o local. Praga é uma cidade muito antiga, embora tenha sido fundada no século IX, há registros de povoamentos no local que datam desde o ano 5000 a.c. Durante sua história, os checos (e Praga consequentemente) foram dominados por diversas nações, tendo pertencido ao reino da Bohemia, ao império austríaco, à alemanha nazista e a URSS. A República Tcheca só conquistou sua independência no ano e 1992. A cidade de Praga também participou de numerosas disputas entre católicos e protestantes, tendo sido palco importante na Guerra dos 30 Anos (período em que a cidade foi ocupada por saxões e suecos).
Após fazermos nosso tour em Praga, ficamos perambulando pela cidade, apreciando e boa e saborosa cerveja e adquirindo algumas lembranças... À noite, voltamos ao albergue para nos preparar para as famosas baladas de Praga. Optamos por um local à beira do rio, perto da famosa "Charles Brigde" (a ponte mais velha da Europa). A boate realmente surpreendeu a todos nós... nunca em minha vida havia visto algo parecido com o que estou prestes a relatar-lhes... O prédio tinha cinco andares, ligados por escadas e um elevador. Em cada um deles, dois ambientes, ambos abrigando um bar. Em um dos lados de cada andar havia uma sala com diversos sofás e algumas mesas, no outro lado, uma pista de dança, grande o suficiente para pelo menos 500 pessoas com musica de boníssima qualidade. Literalmente, cada andar era uma balada por si só, fazendo do local como um todo algo como um shopping center noturno, com milhares de pessoas, 5 opçoes de musica e cerca de 10 ambientes. Tudo isso pelo preço módico de 150 coroas checas (cerca de 15 reais) deixando o cenário de baladas paulistanas no chinelo! Nos divertimos neste intenso shopping center até as 6 da manha e entao voltamos para nosso albergue de onde, cerca de 6 horas mais tarde, partíamos rumo a Bonn, para mais uma semana na Alemanha.
Praga e Munich foram sem dúvida duas das cidades mais interessantes que já conheci. Além de um rico passado histórico, ambas abrigam uma intensa vida noturna e povos abertos e receptivos. Além dos locais em sí, a experiência de alugar um carro e viajar com amigos sem planos bem definidos foi muito interessante. Recomendo a todos os que um dia vierem a se aventurar pelo continente europeu a fazerem algo semelhante... Sem duvida, a experiência compensa!
E assim me dispeço de vocês meus colegas... a próxima parada é Berlin! Um forte abraço e até lá!

Monday, April 13, 2009

As andanças continuam... Frankfurt e Palma de Mallorca!!!

Saudações meus colegas brasileiros,

como de costume a pompa me impele a começar este post com um singelo pedido de desculpas devido à minha longa demora em escrever-lhes e, assim sendo... desculpem-me!

Agora, ao que de fato importa... Minha jornada pelas terras germânicas tem sido de fato muito interessante. Já fiz bons amigos por aqui, embora devo confessar que os alemães tem se mostrado de fato um tanto fechados quanto ao estabelecimento de novas amizades (pelo menos os do sexo masculino). De qualquer forma, obtive um número satisfatório de companhias alemãs, de forma que hoje posso praticar o idioma tanto no ambiente de trabalho quanto na famosa Weizen Bier e em outros momentos de descontração.

Há algumas semanas fui-me com alguns colegas búlgaros à cidade de Frankfurt, para um relaxante domingo de sol. A cidade, cuja promessa de marca é focada nos magníficos arranha-céus, se mostrou um tanto quanto comum para seu caro amigo... afinal, meia-duzia de edifícios não são nem de perto suficientes para impressionar o bom e velho paulistano. De qualquer forma, a cidade é realmente muito bonita. Prédios históricos, museus e forte agitação econômica, tudo isso às margens do Reno e com uma gostosa brisa de primavera. A companhia também se mostrou muito agradável, deixando a experiência extremamente proveitosa.

Nesta páscoa, prossegui com minhas andanças pelo território europeu... O destino, Palma de Mallorca, uma extensa e fabulosa ilha no litoral da Espanha. Acompanhando-me, 4 colegas trainees, duas brasileiras, um peruano e uma checa. O fim de semana foi muito interessante, embora o clima não estivesse tão ensolarado quanto se podia esperar da paradisíaca ilha, visitamos, entre outros, o palácio de veraneio da família real espanhola, a magnífica Cueva del Drach (uma gigantesca caverna simplesmente deslumbrante) e praias de explendorosa beleza. Foi também uma boa oportunidade para praticar meu espanhol, em meio a pedidos de Paella e Sangria que fizemos em todo lugar.
Devo confessar que meu grupo me desapontou um pouco quando o assunto foi baladas... Mesmo assim, na noite de sábado, fomos eu e uma das brasileiras para uma discoteca de extremo bom gosto! Após uma breve fila e um passeio de elevador, revelou-se um local amplo, com boa musica e muita gente bonita (destaque para as dançarinas, 8 delas, impecavelmente trajadas e simplesmente incansáveis!).

No dia seguinte, alugamos um carro com o qual cruzamos a ilha de Mallorca, em busca de cavernas e de belas paisagens... As fotos comprovam nosso sucesso em tal empreitada que foi de fato fenomenal.




Assim concluo mais um de meus relatos nesta noite de quarta-feira... Nos próximos dias farei alguns planos para os fins de semanas vindouros, de modo a aproveitar ao máximo minha viagem e conhecer o mais que posso do velho mundo. (O próximo passo já está escrito...)

Um forte abraço a todos e até a próxima!!!

Saturday, March 7, 2009

A chegada ao Velho Mundo, e o Carnaval de Köln

Saudações meus caros colegas do Brasil,

É com muita honra e satisfação que inicio meus relatos sobre o velho mundo, nesta nova etapa de minha viagem que se inicia.
A três semanas atrás, ás 16:00 horas do dia 15 de Fevereiro, seu velho amigo subia a bordo de uma aeronave da Alitalia, determinado a trocar o calor do verão brasileiro pelas incertezas de uma nova aventura numa terra cinzenta.
Já em meu bilhete constavam os detalhes de minhas primeiras andanças pelas terras européias. Uma escala de 10 horas na cidade de Milão, Itália, onde tive o prazer de conhecer a verdadeira arquitetura renascentista e de apreciar o famoso presunto de parma numa gostosa tarde de sol.















Após esta breve passagem pelo território italiano, segui rumo ao aeroporto de Düsseldorf onde cheguei às 18:00 do domingo. Os primeiros chamados de "Guten Abends" e "Entschuldigung" (mais destes do que daqueles), indicavam minha chegada às terras germânicas e prediziam os desafios que tão complexa e estranha lingua me trariam. Após muito penar com o complicado sistema de transportes da Deutsche Bahn, tomei um trem para Bonn, onde meus queridos roommates me aguardavam pacientemente, sem saber da uma hora de atraso de meu voô.
Minha primeira semana foi um tanto quanto tranquila, transição no trabalho, aprender as minucias da burocracia germânica (e que burocracia!) e pouco a pouco, me acostumar a responder emails e atender ao telefone em alemão (tarefa que até hoje ainda me dá calafrios).

A chegada do fim de semana trouxe logo uma grande alegria... O famoso Karneval!!! Se ao deixar o Brasil eu estava um tanto incerto e até um pouco chateado em perder o carnaval de minha terra, tudo isso mudou na quinta feira de carnaval. A começar pelo café da manha na empresa... alemães, sempre tão duros e formais, trajados de palhaços, animais ou qualquer outra figura folclórica que pudessem encontrar. O café foi regado a champanhe, acompanhada de salame e nutela e enquanto eu conhecia alguns dos colegas de minha equipe, belas senhoras cortavam as inúmeras gravatas de um gordo e bonachão colega que se deliciava com as beijocas que se seguiam a cada tesourada.
Após poucas horas de trabalho, partimos para uma festa corporativa no prédio central da Deutsche Telekom. Foi então que descobri as obscuras raízes da famosa "Festa Alemã" do colégio Porto Seguro, cópia perfeita deste carnaval corporativo salvo pelas fantasias e, felizmente, pelo reduzido preço da cerveja, nivelado em uma ficha!














Por volta das 6 da tarde, resolvi trocar a festa de minha empresa por novos ares e após chamar uma alemã a quem conheci num bar na semana anterior, dirigi-me para a famosa "Post Tower", rumo à festa corporativa da DHL. Chegando lá, encontrei minha nova amiga que usou de meios um tanto quanto "brasileiros" para me colocar pra dentro. A festa correu às mil maravilhas, muito chopp, musica e alemães animados com o clima carnavalesco. Foi ali também que conheci mais alguns representantes de nossa pátria que, fazendo jus a nossos conterraneos, dançavam e festejavam animadamente.
Na sexta feira resolvi visitar meu colega, Joe, a quem conheci no Brasil quando este fez um estágio na T-Systems em São Paulo. Nos encontramos na rodoviária de onde fomos para seu apartamento, tomar umas cervejas e botar a conversa em dia. Após algumas horas, nos dirigimos para a região central de Dusseldorf, conhecida como "O Bar mais longo do Mundo". A principio fomos para uma balada lotada e muito animada, onde ouvimos musicas folcóricas e tomamos "Alt" a cerveja de Dusseldorf, odiada por todos os habitantes de Köln. Após cerca de duas horas resolvemos ir para um local mais tranquilo e pingamos de bar em bar até encontrar o ambiente ideal, cerca de 20 pessoas num barzinho dançante ouvinto puro rock & roll.
Na manha seguinte, fomos passear pelo centro da cidade, após comprar um sapato (meu sapato brasileiro não durou nem uma semana...) entramos num restaurante para um almoço tipico alemão... Cervejinha de Trigo e Brattwurst, o famoso salsichão!

Após conhecer o Karneval de Dusseldorf, nada mais justo e natural do que conhecer seus maiores rivais... Então, na noite do mesmo dia parti para a cidade de Köln, lar do mais famoso Karneval da Europa, acompanhado de um grande e diverso grupo de meus colegas Trainees. As ruas estavam abarrotadas dos foliões fantasiados e não se passava um minuto sem o som de garrafas jogadas ao chão. Após muita discussão acabamos dividindo como que por acaso o nosso grande grupo e fomos eu, um holandes, uma alema e uma tcheca para um dos inúmeros e lotados bares do local, onde ficamos por varias horas, festejando e dançando musicas folclóricas!
Mas o carnaval alemão ainda reservava outras surpresas... e na segunda feira, de volta à Köln a curiosa Hosenmontag me esperava.
Neste desfile de carros alegóricos (em nada
semelhante aos desfiles da X9 ou da Salgueiro)
alemães risonhos e estranhamente vestidos tocavam suas cornetas e distribuiam doces aos gritos da platéia que a tudo assistia com grande emocão e muita cerveja!
Durante tão intensa demostração de alegria e fanfarronisse, conhecemos (eu e duas brasileiras que me acompanhavam) pessoas de todo tipo... Dentre russos que tomavam vodka, italianos que dançavam alegremente e tantos outros, os mais marcantes foram um grupo de alemães que, após partilharem de nossa cerveja e dividirem conosco seus doces, nos convidaram para saborear um "Chilli con Carne" na residência de um colega... convite o qual aceitamos sem hesitar!

Assim foram minhas primeiras semanas no Velho Mundo. Regadas à muita festa, trabalho e, logicamente, à deliciosa cerveja alemã que faz todo juz à sua fama!
Termino assim o meu primeiro relato sobre minhas aventuras nas terras germânicas... Houveram é verdade outros fatos os quais merecem ser relatatados (afinal, já fazem 3 semanas desde que deixei nosso país) mas por estes, meus caros colegas e leitores, vocês terão de aguardar mais alguns dias...

Um forte abraço e felicidades para todos vocês!

Tuesday, January 27, 2009

Férias e um breve retorno


Saudações caros colegas,

Após vinte dias em terras brasileiras, venho por fim relatar a fase final de minha viagem pelas terras canadenses...

Após deixar a Universidade de Trent, parti para Toronto para onde levei um amigo. O intuito, diversão! E nos divertimos! Após uma grande festa (a primeira que vi passar das 5 da manha nas terras do norte) quedei na grande cidade por um fim de semana, enquanto arranjava os detalhes de minha próxima viagem. Na segunda-feira (dia 22 de Dezembro) parti para Montreal, em busca da prometida "party town" e da até então raríssima lingua francesa.
Após cerca de oito horas de viagem num ônibus um tanto quanto desconfortável e com apenas uma parada (toscamente ilustrada na foto acima) desembarquei na rodoviária de Montreal onde fui recebido por Sahra e Rahni, ambas AIESECas de Montreal. Após uma não tão breve caminhada (as meninas conseguiram se perder umas duas ou tres vezes) chegamos ao apartamento de Philip, francês, trainee da AIESEC e que havia retornado para a França em caráter definitivo na tarde anterior, local que deveria ser minha morada no leste canadense.

Quedei no apartamento de Philip por tres dias. Minha ceia de natal, devo confessar foi um tanto quanto solitária, mas a neve e a programação festiva da televisão tornaram a experiência um tanto quanto interessante (os canadenses não costumam comemorar o dia 24 ou fazer uma grande ceia, mas apenas o dia 25 com um almoço ou jantar). No dia 25, fui convidado para jantar na casa de Sahra onde conheci sua maravilhosa família e a arvore de natal mais enfeitada que ja vi em minha vida!


No dia 26, após ser enxotado da casa de Philip pelo dono do apartamento (que alegou não ter sido avisado de minha estada em tão nobre local) dei entrada em um albergue na região central da cidade. Já pelas dez da manha, estava na fila, aguardando pela abertura de um grande evento da cultura Norte Americana... o famigerado "Boxing Day". Mas o que será este grande evento? Simplesmente a maior manifestação da cultura consumista já vista por mim até então. Praticamente a totalidade dos estabelecimentos comerciais realizam grandes promoções e as pessoas ficam horas em filas esperando a abertura das portas (algo comparável às filas para ingressos na final do Brasileirão). Escolhi uma loja compatível com meus desejos consumistas, "Future Shop" e, após 5 horas de filas (na confusão que pode ser avistada na foto ao lado) sai de lá com alguns notáveis produtos e, devo confessar, uma grande econômia.

Ao retornar ao albergue, conheci algumas notáveis pessoas, dentre elas um médico Sul-Africano, parrudo e bonachão, algumas norte-americanas, um casal de alemães e alguns franceses. Na mesma noite saimos para farrear pela cidade de Montreal. E que farra! Fomos a um tipico bar da cidade, o lugar (um tanto quanto "trash" como se diz em São Paulo) abrigava dois ambientes com musica eletrônica no andar superior e rock no salão térreo. A noitada foi extremamente agradável, conversamos por horas sobre política, choques culturais, opções de carreiras e outros temas muito interessantes que, infelizmente parecem não entrar nas rodas de muitos de meus amigos brasileiros com a devida frequência.

No dia seguinte, fomos Sarah, uma amiga e uma colega que arrastei do albergue para uma exposição de arte entitulada "Simpaty for the Devil" (uma alusão aos Rolling Stones para os amantes do rock) a exposição, moderadamente interessante visava unir o Rock às artes plásticas e visuais. Após a exposição um passeio pela cidade de Montreal e um ótimo jantar em um restaurante típico após o qual nos recolhemos no albergue para alguns "Drinking Games"...

No dia seguinte, parti de Montreal, rumo a Toronto, meu destino, no entanto, não era a morada da CN Tower mas sim mais para o oeste, na cidade de Vancouver me esperava a conferência nacional da AIESEC no Canada.
Me encontrei no aeroporto com Mo, colega de Trent e atual presidente do escritório recém-aberto. As cerca da 1 da tarde, desembarcamos em Vancouver e nos dirigimos para o hotel onde se realizava a conferência. Após algumas horas, o restante de nossa delegação chegou ao hotel e estavamos prontos para a primeira conferência da AIESEC Trent. A conferência transcorreu às mil maravilhas (na foto, AIESEC Toronto e "baby" Trent). Todos os membros de nossa delegação aprenderam muito e fizeram importantes contatos para sua vida dentro e fora da AIESEC. A virada de ano (como não poderia deixar de comentar) foi sensacional, no espirito festivo que os AIESECos tem de sobra!
Outro fato que merece atenção, no decorrer da conferência, durante as intermináveis seções de legislação, o escritório de Trent foi reconhecido, por 19 votos a 2 como o mais novo escritório da AIESEC no Canada (como era de se esperar, sai correndo aos gritos da sala de Legislação no momento do ocorrido!)

Passada a conferência, ficamos por mais dois dias em Vancouver... Nosso intuito, aproveitar de passagens mais baratas pela tenebrosa Westjet e, é claro, esquiar (ou melhor... Snowboarding).

E foi então que fomos, eu e Nick (novo VP Corporate Relations de Trent) para a famosa montanha de Whistler, a maior da América do Norte e sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010 (um ótimo lugar para aprender...).
Após horas perambulando pela cidade de Vancouver, de onibus a trem a onibus novamente, finalmente chegamos à Whistler (não sem antes encontrarmos uma colega AIESECa com o mesmo destino). Alugada a prancha, meu colega me deu breves lições sobre como praticar o snowboarding (esqueceu-se no entando das mais importantes, como parar e como levantar!). Então, após uma tarde maravilhosa e algumas dezenas de tombo, tive minha primeira experiência com esportes de inverno (salvo as deliciosas guerras de neve...). Digo primeira pois, embora tenha passado a maior parte de meu tempo no chão e trazido um joelho avariado de recordação, com certeza praticarei novamente! O esporte é fabuloso, extremamente emocionante, além de proporcionar vistas incríveis.

No dia seguinte, voltamos para Toronto de onde me despedi de meus ultimos colegas de Trent e de onde, no dia seguinte, parti, rumo ao Brasil.
Ao chegar no Brasil (e após me acostumar com os 40 graus adicionais de temperatura), logo nos primeiros dias realizei algumas entrevistas com empresas da Alemanha (para vagas às quais havia me candidatado ainda no Canada). Em uma semana, a(s) notícia(s). Fui admitido em não apenas uma, mas quatro vagas em empresas alemãs. Após muito ponderar acabei optando por uma vaga na Deutsch Telekom para coordenador nacional do programa de talentos internacionais.

Assim sendo, me despeço agora de vocês meus caros leitores e colegas, meu próximo post partirá de Bonn, Alemanha e será em cerca de 3 semanas!

Um forte abraço a todos e até lá...